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Pújá – A arte de Agradecer

As expressões “por favor” e “obrigado” são das primeiras que aprendemos com os nossos educadores. Fazem parte das regras para sermos considerados pessoas educadas e vivermos bem em sociedade.


Mas será que quando dizemos obrigado estamos efetivamente a agradecer? A sentir a gratidão que deve estar na base de um “obrigado”?


Quando procuramos o significado da palavra pújá, o dicionário sânscrito-inglês (https://www.learnsanskrit.cc/) diz-nos que esta palavra significa veneração, reverência, respeito, homenagem a superiores ou devoção aos deuses. E aqui se encontra o sentimento que deve ser comum a todas estas ações: a gratidão. Porque uma verdadeira veneração, homenagem, devoção deve ser feita com o coração pleno de gratidão. Senão torna-se um exercício vazio e oco.


Aarti pújá

A prática de pújá é muito utilizada na Índia, principalmente pelos praticantes de Tantra Yoga. É uma prática que inclui vários rituais utilizados pelos yogins para agradecer a deus e assim manifestar a sua fé.


Vamos enquadrar o surgimento do Tantra para melhor percebermos o que está na base do pújá.


O Tantra surgiu na Índia há cerca de 1.500 anos, e constituiu uma verdadeira revolução no Yoga. Até essa altura o Yoga praticado tinha como base o Yoga Sútra de Pátañjali, que foi escrito para os ascetas, homens brahmanes pertencentes à casta superior, e que tinham renunciado a todos os prazeres materiais da vida: família, trabalho, dinheiro e sexo. Dedicavam-se exclusivamente à busca da Iluminação, Hiperconsciência. A prática do Yoga estava restrita a esta classe de sábios ascetas.


O surgimento do Tantra permitiu que os homens e mulheres comuns pudessem começar a praticar Yoga. O Tantra Yoga trouxe a inclusão e desafiou alguns princípios básicos, paradigmas e verdades absolutas que estavam em vigor na Índia e caracterizavam a prática e os praticantes de Yoga.


O Tantra tem 4 pilares essenciais:

• Sabedoria e ensinamentos;

• Modo de vida diária que suporta os ensinamentos;

• Prática de Yoga, através principalmente da meditação e cultivo do autoconhecimento;

• Rituais de pújá.


Os rituais de pújá são uma celebração, constituem uma tomada de consciência da presença divina. Os altares que as famílias indianas têm em suas casas, e cujas ofertas são renovadas diariamente, lembram-nos da existência do divino, da sua presença nas suas casas, e da sua presença nas suas vidas. Estes altares onde executam os rituais do dia-a-dia incluem estatuetas e imagens das divindades a quem a família pretende agradecer diariamente, juntamente com flores, incenso e outras oferendas.


Quando as famílias pretendem fazer um ritual mais elaborado chamam os pújaris, monges ou sacerdotes especializados nos rituais de pújá. Apesar dos elementos utilizados serem os mesmos que nos pújá do dia-a-dia, a complexidade e duração do ritual torna necessária a presença de um especialista, que vai realizar o pújá à divindade específica em nome de alguém.


O objetivo destes rituais mais elaborados é o de balancear os 5 elementos primordiais do universo: fogo, água, terra, ar, fé. O fogo é representado por velas, a água por um recipiente com água, a terra é representada por flores, o ar é representado por uma pena, e um tecido representa a fé que cobre tudo como um manto.


Sacerdotes a executarem pújá

Deixando as práticas complexas para os monges e sacerdotes que nelas são especialistas, vamos focar a nossa atenção nos rituais mais simples, praticados pelos yogins e pessoas comuns.

O objetivo é o mesmo: agradecer e manifestar a fé. No entanto, os rituais são bem mais simples e acessíveis. Podem incluir vocalizações de mantras (sons), visualizações de yantras (símbolos), oferendas de flores ou comidas, ou formas mais simples e mais mentais para expressar o “obrigado”.


Será que podemos fazer pújá no nosso dia-a-dia? A resposta é sim, podemos. Basta querer. E sentir verdadeiramente a gratidão. Gratidão pela vida e pela abundância e prosperidade que ela nos traz. E gratidão pelas pequenas coisas que acontecem à nossa volta e que podemos ver, ouvir, cheirar, sentir, saborear.


Como todos os nossos rituais, é necessário praticar para que se tornem um hábito. E através desta prática vamos vivenciando cada vez mais e melhor as pequenas situações do dia a dia.


Termino este artigo com uma sugestão de pújá diário: alguns minutos antes de dormires, e após a tua meditação diária, faz um balanço do dia que passou. Pensa nas coisas agradáveis que te aconteceram. Lembra-te das sensações que te despertaram.


Por exemplo o café quente que bebeste de manhã e que te trouxe conforto e ajudou a despertar. Após recordares esta sensação prazerosa, agradece por teres vivenciado esse momento.


Repete este exercício todos os dias e passado algum tempo diz-me: quantos foram os dias em que não adormeceste com um sorriso no rosto?

Espero por ti no VIVA+YOGA 2022 para me dares esta resposta.


Regista-te no site vivamaisyoga.com para acompanhares todas as novidades sobre o evento.


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